Como Fazer Análise de Viabilidade Económica e Financeira?

Por: Dilson Major

Qualquer pessoa ou empreendedor, que queira investir em algum negócio, precisa saber como se faz uma AVEF. Eu vou tentar partilhar algumas dicas simples sobre como fazer isso, mas é importante reforçar, que toda análise de viabilidade económica e financeira deve ser REALISTA e não FICTÍCIA para que o projecto em análise, seja viável ao investimento.

Todo empreendedor antes de investir deve levar em conta o seguinte:

1. Projeção de receitas

A projeção de receitas é realizada para identificar a capacidade de gerar dinheiro para o investidor. Essa projeção deve seguir algumas premissas importantes, como por exemplo: deve-se conhecer bem o mercado, para evitar projectar números que sejam impossíveis de ser atingidos.

Outra premissa importante é a de nunca começar a projeção de receitas com a capacidade total de geração de receitas, ou seja, deve-se começar a projeção com números mais realistas, como 50% da capacidade ou até menos.

Tudo depende do mercado e dos investimentos que serão feitos.

Uma outra premissa a ter em conta é a projeção de crescimentos para as receitas, e isso é válido também para a projeção de custos, despesas e investimentos, pois estes instrumentos de análise, dificilmente permanecerão no mesmo nível.

2. Projeção de custos, despesas e investimentos

Da mesma forma que é projectada as receitas, a projeção de custos, despesas e investimentos, deve obedecer algumas premissas.

A principal delas é que devem existir custos, despesas e investimentos que justifiquem a projeção de receitas.

Por exemplo, se você estiver a projectar  a abertura de uma pequena indústria (de fabricação de água do chefe), sua projeção de vendas depende da capacidade da empresa de produzir. Logo, será necessária a existência de investimentos em maquinaria, além de custos e despesas condizentes com essa projeção de produção.

Temos de lembrar também da importância de se projectar reinvestimentos. Um erro muito comum é o de considerar-se muitas vezes apenas um investimento inicial e assumir, que a estrutura da empresa ou do projecto não irá se modificar.

3. Projeção dos fluxos de caixa

O fluxo de caixa é a dinâmica do dinheiro que entra e sai da empresa todos os dias.

É um instrumento essencial para realizar a gestão financeira da empresa.

O fluxo de caixa será obtido pela diferença entre as projeções das receitas e das despesas.

4. Análise de indicadores

Após ter realizado a projeção de receitas, custos, despesas e investimentos, e ter chegado à projeção dos fluxos de caixa, a análise de viabilidade económica e financeira parte para a análise de indicadores.

Existem vários indicadores para se analisar a viabilidade económica e financeira de um projecto. Porém, irei falar de apenas três deles: o Valor Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Payback.

É na etapa da análise de indicadores que o investidor irá descobrir, se o investimento deve ou não ser realizado, pois ao analisar estes indicadores, será possível identificar a viabilidade e a expectativa de lucros, além do tempo necessário para recuperar o total do capital investido.

Taxa Mínima de Atratividade – TMA

Antes de falar sobre os indicadores, é válido comentar sobre a Taxa Mínima de Atratividade (TMA). Essa taxa representa o retorno mínimo esperado para um investimento.

A TMA é definida levando-se em consideração a fonte de capital (próprio ou através de empréstimos), além da margem de lucro que se espera obter com o investimento.

A TMA varia conforme a empresa, e pode ser apurada de diversas maneiras.

Valor Presente Líquido (VPL)

O VPL é um indicador que analisa todos os fluxos de caixa esperados pelo investimento, numa mesma data. Ou seja, todos os fluxos de caixa são descontados a uma Taxa Mínima de Atratividade (TMA) até a data do investimento.

Esses fluxos são então somados do seu total e subtraído o valor do investimento. Se o resultado do cálculo do VPL for positivo, significa que o projecto tem capacidade de gerar lucros. Caso seu valor seja nulo (zero), significa que o projecto vai se financiar ao longo dos anos, mas sem gerar lucro.

E por fim, se o resultado for negativo, significa que o projecto não gera lucro e sim prejuízo.

Taxa Interna de Retorno (TIR)

A TIR representa a rentabilidade de um projeto de investimento. É expressa na forma de uma taxa percentual, segue a periodicidade dos fluxos de caixa. Por exemplo, se os fluxos de caixa são mensais, então a TIR resultante será também mensal. Se os fluxos são anuais, a TIR também será anual. Por isso, é vista como uma medida relativa. Quando substituída pela TMA no cálculo do VPL, o VPL torna-se “zero”.

Ao se analisar a TIR, deve-se ter em mente a taxa mínima de atratividade (TMA) do investimento, pois será necessário comparar essas duas taxas. Ao se fazer a comparação, podemos nos deparar com três possíveis cenários.

O primeiro deles, é quando sua TIR é maior que a TMA. Neste cenário, o projecto consegue pagar o investimento e ainda sobra capital (lucro).

No cenário onde a TIR = TMA, significa que o projecto consegue pagar o investimento sem gerar lucro.

E o terceiro cenário é quando a TIR é menor que a TMA, ou seja, aqui o projecto não consegue sequer pagar o investimento, e gera prejuízo.

Payback

O Payback é o indicador que mede quanto tempo um projecto levará para gerar os retornos que paguem o investimento.

Existem duas formas de se calcular o payback:

A primeira forma é o payback tradicional, também chamado de payback simples, que não leva em consideração o valor do dinheiro no tempo. Por exemplo, se você investiu Kz 100.000,00  numa empresa e esta gera retornos mensais de Kz 10.000,00, o payback será de 10 meses.

Outra forma de calcular é através do payback descontado, em que se utiliza a TMA para descontar os fluxos de caixa e trazê-los à mesma data do investimento inicial.

O saldo acumulado soma os fluxos ao investimento inicial. Quando o saldo deixa de ser negativo tem-se o período de payback.

Sendo assim, a conclusão é que o projecto de investimento é viável e escolhido pela empresa, quando os indicadores são REALISTAS e POSITIVOS.

É preciso ser o máximo realista possível e calcular devidamente os indicadores financeiros e económicos, para garantir a viabilidade do investimento.

Faça uma análise de viabilidade económica e financeira SMART, desta forma, fica mais viável ao finaciamento e ao retorno do investimento.

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